Para preparação da presente edição do livro “Mecânica das Rochas”, mantiveram-se o texto e as figuras dos capítulos 1 a 4, e foi incluído o capítulo 5, que não constava nas edições anteriores. No aspeto gráfico, o livro foi integralmente revisto, e procurou-se que, tanto na capa como no seu interior, tivesse o mesmo grafismo que o livro “Estruturas Subterrâneas”, editado simultaneamente.
Este livro de Manuel Rocha, embora escrito há quatro décadas, mantém-se atual em muitos dos seus aspetos, nomeadamente naqueles que dizem respeito aos pilares fundamentais da mecânica das rochas. No capítulo 1 é dada uma perspetiva histórica da mecânica das rochas e da sua relação com outras disciplinas, e é definido o seu âmbito. São apresentadas em detalhe as razões para o seu rápido desenvolvimento, como sejam os problemas postos pelos novos projetos de grandes barragens, túneis e cavernas para fins viários e de armazenamento, minas a céu aberto e em subterrâneo ou engenharia do petróleo, e também a necessidade de interpretar, em termos mecânicos, os fenómenos de deformação e rotura da crusta terrestre ou os fenómenos envolvidos na ocorrência de sismos.
No capítulo 2 é feita uma apresentação das características fundamentais dos maciços rochosos, com especial destaque para a influência das superfícies de compartimentação no comportamento dos maciços e para a consequente distinção entre o comportamento da rocha e do maciço rochoso. São apresentados os principais aspetos designados por perturbações de superfície, nomeadamente a alteração dos maciços, a influência da variação do teor de humidade e as deformações superficiais das vertentes devidas à descompressão.
A deformabilidade das rochas e dos maciços rochosos é tratada de uma forma exaustiva no capítulo 3. Apresentam-se os conceitos teóricos da teoria da elasticidade de meios isotrópicos e anisotrópicos, a influência do tempo e da temperatura e os modelos reológicos principais. Descrevem-se os ensaios laboratoriais e, com particular realce, os ensaios de campo que vinham sendo desenvolvidos e utilizados por Manuel Rocha no LNEC, para estudo dos maciços de fundação de barragens e de obras subterrâneas: ensaios de carga na superfície, ensaios de fenda aberta e ensaios em furo de sondagem com dilatómetro. Manuel Rocha entende que a caracterização da resistência dos maciços rochosos e a sua consideração na avaliação da segurança das obras constituem o ponto mais precário da mecânica das rochas. É destes temas que trata o capítulo 4, onde é tida em particular atenção a natureza descontínua dos maciços e, consequentemente, a influência das superfícies de baixa resistência. São apresentados os conceitos teóricos relativos à rotura sob solicitação triaxial, à influência da pressão intersticial, à consideração de superfícies de baixa resistência e à rotura de meios anisotrópicos. No que se refere aos ensaios para determinação da resistência dos maciços é de particular interesse a apresentação que é feita sobre a caracterização da resistência das superfícies de diaclases mediante ensaios laboratoriais e de campo.
Muitos dos ensaios desenvolvidos por Manuel Rocha e apresentados nestes dois capítulos, com as inevitáveis adaptações decorrentes do passar do tempo, continuam a ser fundamentais na caracterização da deformabilidade e da resistência dos maciços rochosos. É o caso dos ensaios de campo de fenda aberta e de dilatómetro, e dos ensaios laboratoriais em superfícies de diaclases. Esta constatação pôde ser evidenciada pelas centenas de ensaios destes tipos realizados pelo LNEC entre 2009 e 2011, para estudos de fundações das barragens de betão incluídas no Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroelétrico.
No quinto e último capítulo, sobre percolação nos maciços rochosos, é feita uma análise dos efeitos da água nos maciços rochosos e da influência dos maciços no escoamento, nomeadamente no que se refere à permeabilidade da rocha e dos sistemas de fraturas.