Muitos rebocos antigos, cuidadosamente executados e aplicados segundo as regras da boa arte, tinham grande resistência e durabilidade; a atestá-lo estão muitos exemplos com séculos de existência, que chegaram aos nossos dias em bom estado de conservação.
As texturas e cores tão características, os materiais seleccionados, a tecnologia usada - a boa arte de executar e aplicar, cujos segredos são, hoje, difíceis de penetrar -, o bom funcionamento global das paredes gerado pela compatibilidade de materiais e de soluções construtivas, merecem ser preservados, não só porque fazem parte da nossa história e da nossa memória colectiva e caracterizam ambientes, mas também porque são importantes objectos de estudo da própria história dos materiais e das tecnologias da construção.
Assim, nas intervenções em revestimentos de edifícios antigos deve optar-se pelo tipo de intervenção menos intrusiva possível, respeitando critérios definidos cientificamente e seleccionando as técnicas e os materiais de acordo com requisitos de compatibilidade.
No presente trabalho, descrevem-se brevemente os revestimentos antigos de edifícios com base em argamassas; analisam-se as opções de intervenção e definem-se os critérios gerais a ter em conta na sua selecção; faz-se referência aos métodos experimentais de diagnóstico de anomalias de rebocos antigos usados actualmente no LNEC; indicam-se as soluções correntes adoptadas em rebocos de substituição e apresentam-se resultados experimentais a partir dos quais se apontam as principais vantagens e riscos de cada solução; apontam-se alguns parâmetros de aplicação e discute-se a sua influência no desempenho final do revestimento.
Maria do Rosário Veiga