É tipicamente humano valorizar os nossos pensamentos e capacidades, sentindo-nos como René Descartes, com uma alma – a grande obra da «criação» – distinta e separada do nosso corpo físico. Será que um morcego sente o mesmo?…
A inteligência humana despontou no planeta Terra decorridos cerca de 3.800 milhões de anos de evolução biológica. Dada a grandeza da escala temporal, temos de procurar no passado pistas para compreender melhor a propriedade vital que tanto prezamos. E superando a nossa arreigada presunção, devemos ir bem fundo nessa «escavação arqueológica», o que nos levará a encarar questões como um caranguejo estará consciente de si mesmo? Ou são as bactérias inteligentes? As respostas dependerão do uso que fizermos dos conhecimentos empíricos, do pensamento crítico, racionalização e da curiosidade, ferramentas caras à «coisa mais preciosa que possuímos» [Einstein].
Este livro introduz-nos, através da ciência, numa demanda que acena com uma gratificante recompensa: reconhecer o nosso verdadeiro lugar no mundo natural.
«A consciência parece sobrenatural. A identidade, o espanto, (…) o amor – como se forma a transcendência a partir da tabela periódica dos elementos? Se quisermos perceber de que modo a matéria se transformou em consciência, teremos de recuar até aos primeiros seres unicelulares que surgiram nos oceanos.»
Ann Druyan
Luís M. Aires
Doutor em ciências biológicas, exercendo funções ligadas à formação contínua de professores. Há quinze anos dedica parte da sua vida à paixão de divulgar e tornar acessível a um público vasto algumas das mais influentes e significativas ideias e teorias do pensamento científico. Entre as suas obras contam-se Planeta Verde e A Relatividade Explicada a Quem Pensava Que Nunca a Perceberia, ambas integradas no Plano Nacional de Leitura, e a coleção Ensinar e Aprender Realmente Melhor – O Cérebro Aprendente.