Da psicanálise ele defende o melhor: o método; a máquina de ouvir doentes de que falava Freud. A cientificidade e o contributo original da psicanálise derivam deste instrumento de audição de pessoas, sem preconceitos, dias a fio, meses a fio, anos a fio, com profundidade, discernimento e inteligência. É o homem que se esconde atrás da obra, em vez do psicanalista narcísico e do pensador por direito divino. Imune ao pós-modernismo, Coimbra de Matos não fala daquilo que não sabe, nem apresenta conjecturas como se de certezas se tratasse. Dá lugar ao desconhecimento e aos limites do conhecimento.
António Coimbra de Matos (20 de dezembro de 1929 – 1 de julho de 2021)
Foi psiquiatra, pedopsiquiatra e psicanalista e uma figura incontornável na história da saúde mental em Portugal, com incidência no estudo da depressão.
Foi diretor do Centro de Saúde Mental Infantil e Juvenil de Lisboa, onde trabalhou com João dos Santos, o pai da pedopsiquiatria portuguesa, fundador e presidente de várias sociedades científicas e professor no ISPA e na Faculdade de Psicologia de Lisboa.
Em 2012, nos EUA, foi premiado como Distinto Professor de Psicanálise. É autor de variados artigos e livros.