Paula Diogo, no âmbito do seu processo de doutoramento, desenvolveu um trabalho em conjunto com os enfermeiros, as crianças e os seus pais, que nos ajuda a perceber como aqueles gerem as emoções, no contexto diário da prestação de cuidados. Como é que esta gestão das emoções se transforma num a intervenção terapêutica, ou seja, numa intervenção que contribui para aumentar o bem-estar da criança e pais, através de uma re-significação do vivido, processo a que atribui, e, boa hora, a designação de “metamorfose da experiência emocional”. Trata-se de um trabalho de investigação de natureza indutiva, que se insere no grupo dos trabalhos que têm vindo a ser desenvolvidos e que assumem a relação enfermeiro-doente como tema central e a abordagem indutiva como caminho (metodologia) para sua compreensão.
A obra agora apresentada resulta de um exercício de minúcia comparável ao trabalho de um artífice que começa por procurar a matéria-prima adequada para depois a trabalhar demoradamente, procurando conhecer-lhe as suas particularidades, a sua natureza intrínseca, para as revelar, nomeando-as. É por isso um trabalho de rigor e de paciência. É, por último, um trabalho que evidencia facetas escondidas da intervenção dos enfermeiros. Facetas estas que, não sendo evidentes, por vezes, nem aos próprios, não são valorizadas, logo não são tidas em conta como geradoras de ganhos em saúde.
Este livro constitui-se, assim, como importante para os profissionais de saúde no geral, mas principalmente para os enfermeiros na medida que os ajuda a consciencializar as estratégias que usam no contexto da prática de cuidados e, assim, contribui para a promoção de seu desenvolvimento profissional.
É importante para a disciplina de enfermagem na medida em que promove o seu desenvolvimento ao discutir alguns dos seus limites e acrescenta dimensões novas a essa discussão. É ainda importante para todos os estudantes de enfermagem, seja qual for o nível de formação, quer por razões conceptuais, quer metodológicas.
Paula Diogo