Sinto que, através deste livro posso documentar uma das muitas formas de ser arquitecto. Para mim e certamente para muitos outros, o exercício profissional puro nunca foi encarado como separado da vida, numa permanente tentativa de me situar nas vicissitudes do século, como cidadão e como docente - com as incoerências e incompletudes que obviamente acarreta, nos diversos terrenos de intervenção, este permanente e heterodoxo descentramento, centrado numa espécie de invisível fidelidade estrutural.
A fidelidade nunca me pediu uma ciência, uma estética, ou uma teoria. Pediu-me a inteireza do ser, uma consciência mais funda do que a inteligência, uma verdade mais pura do que aquela que posso controlar. Tem sido a convivência com as coisas, a participação no real, o encontro com as vozes ou com as imagens. E não falo de uma vida ideal, mas sim de uma vida concreta, ressonância das ruas, das cidades, sombra dos muros, respiração da noite.
Por isso, é de tempos datados que falarei.