A conservação do solo será talvez o maior desafio que a humanidade terá que enfrentar neste milénio. A perda de matéria orgânica e a redução de fertilidade, a contaminação, a perda de biodiversidade, a desflorestação, e a erosão são algumas das ameaças que, associadas às alterações climáticas, irão acelerar a perda de solos que providenciam serviços dos ecossistemas dos quais dependemos.
O conhecimento do solo evoluiu significativamente nos últimos 100 anos, a partir do momento em que foi considerado como um sistema vivo por Vasily Dokuchaev (1846-1903) e que os surgimentos de novas técnicas moleculares permitiram progredir no conhecimento da sua biodiversidade. Agora é o momento de usar o conhecimento científico adquirido e as novas tecnologias para desenhar novas práticas de gestão e preservação do solo, e para recolher dados que permitam avaliar a sua eficácia em diferentes escalas espaciais, ecossistemas e regiões climáticas.
O solo é um sistema vivo e bastante complexo e os seus problemas e as abordagens requerem-se multidisplinares, envolvendo não só a comunidade científica, mas também todos os stakeholders e a sociedade em geral. Neste contexto, a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, o GreenUPorto e o CIIMAR organizaram o 1.º Congresso Ibérico sobre Solos e Desenvolvimento Sustentável, que reuniu cerca de 200 cientistas e estudantes de pós-graduação, especialistas em solo, que apresentaram e discutiram a sua investigação.
Pelas suas particularidades geográficas e climáticas os desafios enfrentados pelos solos da Península Ibérica em particular, assim como de outras regiões do mundo, são semelhantes e a eficácia das ações e das políticas será tanto mais eficaz quanto maior for a colaboração e a concertação na sua definição e aplicação.