Nos últimos anos, o impacto da indústria da construção sobre o ambiente tem sido reconhecido de forma cada vez mais notória. Para alguns empreendimentos de construção, são exigidos ou recomendados estudos de impacto ambiental, mas apenas quando a sua dimensão carece de grandes estaleiros. Para os outros projectos, entre os quais se encontram a maioria dos que se realizam nos centros urbanos, não são, em geral, exigidos estudos daquela natureza. No entanto, a actividade dos estaleiros de construção nos centros urbanos causa agressões ao meio ambiente, interferindo com o dia a dia dos cidadãos, que frequentemente reclamam quanto à poeira, à lama, ao ruído, aos atrasos no tráfego, à redução do espaço, aos materiais ou entulho depositados no espaço público, etc.. Algumas grandes obras realizadas e em curso no país (Expo 98, Metro do Porto, Extensão do Metro de Lisboa e Porto 2001) têm demonstrado grande interferência dos estaleiros com o ambiente, a segurança, a saúde e o bem-estar dos cidadãos, e disso tem sido dado notícia nos principais meios de comunicação social. O ambiente e o bem-estar dos cidadãos são aspectos de inegável relevância a nível mundial. Os efeitos negativos da actividade da construção têm por isso merecido a atenção dos governos de muitos países que têm fomentado a investigação, e procurado implementar medidas no sentido de minimizá-los. No nosso país, também se desenvolveram já alguns esforços no sentido de minimizar os efeitos negativos dos estaleiros de construção. O Instituto Nacional dos Resíduos levou a cabo um estudo sobre demolição selectiva, e existem já diplomas legais que pretendem regular a produção de resíduos. O poder local também se mobiliza nesse sentido, sendo na área da gestão de resíduos que mais se destaca, ao integrar nos Regulamentos Municipais de Resíduos Sólidos algumas cláusulas para regular os resíduos provenientes da construção. Nos Centros Históricos Urbanos (CHU) os efeitos negativos dos estaleiros de construção têm ainda maior relevância, uma vez que se trata de áreas urbanas com características muito particulares. Como locais turísticos que são, é necessário mantê-los tanto quanto possível aprazíveis para viver, trabalhar e fruir. Para além disso, nestas áreas existem frequentemente restrições significativas no que respeita ao espaço disponível, acarretando dificuldades acrescidas. Daí que a instalação de estaleiros nos Centros Históricos Urbanos, pela sua especificidade, requeira por parte dos intervenientes do sector da construção uma atenção especial, no sentido de minimizar os respectivos impactos. Todos os intervenientes do sector da construção têm hoje que consciencializar-se da importância da questão ambiental. Construir, não significa só atender aos custos, cumprir prazos, garantir a qualidade e a segurança; é também necessário respeitar o ambiente. O benefício será para todos: cidadãos, administração local e empresas. Os primeiros sentir-se-ão menos incomodados e disporão de espaço público menos afectado; as Câmaras Municipais verão cumprido o seu dever de zelar pelo bem estar dos seus munícipes e do seu património (natural e construído); e as empresas, entre outros benefícios, tirarão vantagens da opinião pública favorável. Assim, neste trabalho, apresenta-se um conjunto de impactos negativos dos estaleiros de construção e apontam-se medidas que visam minorá-los. A implementação destas medidas poderá acautelar-se nos regulamentos ou normas municipais, através de exigências efectuadas nos Cadernos de Encargos das obras ou nos procedimentos ambientais das empresas.
1. INTRODUÇÃO 1.1 Considerações gerais 1.2 Impactos negativos provocados pelos estaleiros de construção 1.2.1 Produção de resíduos 1.2.2 Lamas nos arruamentos 1.2.3 Produção de poeiras 1.2.4 Poluição da água e do solo e danificação das redes de drenagem 1.2.5 Danificação de vegetação arbórea 1.2.6 Impacto visual 1.2.7 Ruído 1.2.8 Aumento do volume de tráfego e ocupação da via pública 1.2.9 Danificação do espaço público 2. MEDIDAS DE PREVENÇÃO E MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTOS DOS ESTALEIROS 2.1 Generalidades 2.2 Relacionamento entre intervenientes da obra e população 2.3 Produção de resíduos e sua minimização 2.3.1 Fontes e causas da produção de resíduos 2.3.2 Porquê minimizar a produção de resíduos 2.3.3 Hierarquia de gestão dos resíduos 2.3.3.1 Redução da produção de resíduos 2.3.3.2 Reutilização dos materiais 2.3.3.3 Reciclagem 2.3.4 Demolição selectiva 2.3.5 Medidas para a minimização dos resíduos nos estaleiros 2.4 Lamas nos arruamentos 2.4.1 Porquê prevenir as lamas nos arruamentos 2.4.2 Como minimizar as lamas nos arruamentos 2.5 Produção de poeiras 2.5.1 A importância da minimização das poeiras 2.5.2 Medidas de controlo das poeiras 2.6 Poluição das águas e do solo e danificação das redes de drenagem 2.6.1 A importância da prevenção 2.6.2 Medidas preventivas da poluição das águas e do solo e danificação das redes de drenagem 2.7 Protecção das árvores 2.7.1 A importância da árvore no meio urbano 2.7.2 Como proteger as árvores 2.8 Impacto visual 2.8.1 A importância do impacto visual 2.8.2 Medidas para a sua minimização 2.8.3 Outras medidas para a minimização do impacto visual das obras 2.9 Ruído 2.9.1 A importância da prevenção do ruído 2.9.2 Medidas que visam a prevenção do ruído emitido pelos estaleiros de construção 2.9.3 Como prevenir o ruído nos estaleiros de construção 2.10 Aumento do volume de tráfego e ocupação da via pública 2.10.1 Porquê minimizar estes impactos 2.10.2 Medidas de minimização 2.11 Danificação do espaço público 2.12 Outras medidas preventivas 2.12.1 Redução do peso das construções 2.12.2 Utilização de tecnologias adequadas de contenção de terras 2.12.3 Utilização de sistemas de contenção de fachadas 2.12.4 Utilização de sistemas pré-fabricados 2.12.5 Planeamento e preparação da obra adequados BIBLIOGRAFIA
Armanda Maria Ferreira Bastos Couto Nasceu em 1970. Licenciada em Engenharia Civil em 1996 pela Universidade do Minho (UM). Obteve o Mestrado em Engenharia Municipal em 2002 pela UM no domínio da gestão ambiental dos estaleiros de construção. A sua área de interesse profissional e de investigação incide sobre a sustentabilidade da construção. Actualmente é doutoranda no Departamento de Engenharia Civil da UM na temática da desconstrução e reabilitação na construção. É autora e co-autora de 11 artigos em revistas e actas de congressos internacionais e 7 artigos em revistas e actas de congressos nacionais. João Pedro Pereira Maia Couto Nasceu em 1971. Obteve a Licenciatura (1995), o Mestrado (1998) e o Doutoramento (2007) em Engenharia Civil pela Universidade do Minho (UM). É docente do Grupo de Gestão e Tecnologia da Construção do Departamento de Engenharia Civil da Escola de Engenharia da UM desde 1999 onde exerce funções de Professor Auxiliar. A sua principal área de investigação está relacionada com a gestão e sustentabilidade de projectos de construção. É autor de 31 artigos em actas de congressos e revistas (nacionais e internacionais), integra projectos de investigação sobre a competitividade do sector da construção e é revisor de várias revistas internacionais sobre gestão da construção.