O sistema eleitoral que Cícero (106 a. C. — 43 a. C.) conheceu nas últimas décadas da República romana é bem diferente do nosso, mas os princípios que regem uma campanha eleitoral permanecem os mesmos: assegurar o sustento das pessoas influentes e conciliar a massa dos eleitores, manipulando-os subtil e sub-repticiamente. No Pequeno Manual de Campanha Eleitoral, obra redigida em 64 a. C., aquando da disputa de seu irmão, Marco Cícero, por um lugar no Senado, Quinto Cícero indica o caminho que todo e qualquer candidato deve seguir de forma a atingir o seu objectivo, bem como dá conselhos precisos e metódicos. Este pequeno tratado, no qual Quinto Cícero soube muito bem tirar partido da força do registo epistolar, chegou até nós como sendo um esboço das linhas mestras de uma perfeita campanha eleitoral.
Quinto Túlio Cícero
Marco Túlio Cícero
Nasceu em Arpino, no Lácio, na região dos Montes Volscos, no ano de 106, e morreu em Caieta, em 43 a.C. Político, orador e causídico famoso, pertencia a uma família da ordem equestre. Foi educado em Arpino e, depois, em Roma, sendo nesta cidade aluno de Fílon e de Diódoto em retórica e filosofia, homens com quem aprofundou os seus conhecimentos da filosofia da Academia (platónicos) e do Pórtico (estoicos). Com os cévolas o jovem Cícero aprofundou os seus estudos jurídicos. Na arte da oratória teve Apolónio Mólon como seu mestre em Rodes, onde também seguiu as aulas de Posidónio.