A pertinência da publicação deste livro impõe-se pelas questões surgidas na formação em Enfermagem quando se aguardam a análise, discussão e publicação da definição dos princípios orientadores da cooperação e co-responsabilização entre os estabelecimentos de ensino e os serviços prestadores de cuidados de saúde, na formação graduada e pós-graduada em Enfermagem, tendo em vista uma formação de qualidade.
As rápidas e constantes alterações a nível das estruturas de formação levam os actores, intervenientes no processo, a desenvolverem estratégias de práticas reflexivas para um conhecimento oportuno do seu papel como agentes em reciclagem permanente na concretização dos objectivos a que se propõem na formação em parceria.
Há que tomar consciência, que a orientação em parceria criou uma nova dimensão territorial que obriga professores e enfermeiros, em conjunto, a recriarem a sua identidade e as suas práticas (Nóvoa, 1992).
A importância da orientação em parceria na formação de profissionais de enfermagem reside no facto de cada um dos orientadores clínicos contribuir com os saberes e competências que melhor domina tornando a formação dos estudantes mais completa, coerente e consistente, o que segundo Malglaive (1997) é hoje um verdadeiro trabalho de gestão pedagógica numa formação em alternância.
É necessário investir neste processo, no sentido de evoluirmos de uma orientação em colaboração para uma orientação em parceria. Neste estudo a autora identifica que professores e enfermeiros revelam perspectivas que estão mais no âmbito de uma participação em colaboração, do que no âmbito de uma verdadeira orientação em parceria.
A didáctica dos cuidados de enfermagem tem um papel fundamental no processo de formação pelo que os estudantes necessitam de orientadores que estejam comprometidos com o Cuidar, onde os papeis que lhes estão inerentes são o de inspirar nos estudantes de enfermagem uma atitude cuidativa e o prazer de aprender.
Este livro apresenta um enquadramento teórico sobre formação em enfermagem, uma formação em alternância onde a apropriação dos saberes e a construção de novas competências se encontram em constante construção. A orientação em ensino clínico e o orientador como facilitadores da aprendizagem, sendo este último viabilizado pelos docentes e enfermeiros dos serviços.
O conceito operatório definido à partida pelas dimensões professor, enfermeiro e pessoa, segundo Rauen (1974) no papel do orientador em ensino clínico delimitam o desenho da investigação proposta para o conhecimento do papel do professor e do enfermeiro enquanto orientadores clínicos no contexto da orientação em parceria na formação de estudantes de enfermagem, do Curso Superior de Enfermagem, a nível dos três actores intervenientes, o estudante, o professor e o enfermeiro das instituições de saúde.
As evidências do papel dos actores na formação de enfermeiros em parceria constituem-se como mais um passo numa longa caminhada cujo ponto de chegada é desconhecido, mas onde o caminho tem de ser partilhado pelos agentes da formação, pelo que este livro poderá certamente ser utilizado como catalisador de um maior número de reflexões, discussões e futuras investigações.
É urgente questionarmos os modelos de formação em enfermagem, os modelos de cooperação, as parcerias na formação. Temos que produzir mais conhecimento sobre a didáctica da enfermagem e, este é já um contributo.
Rosa Carvalhal