Na caminhada dos homens para a civilização, o jogo enquanto instinto, como afirmou Coubertin em 1922, em muitas circunstâncias, representou a metáfora da guerra, num processo em que as sociedades procuraram sublimar os seus instintos bélicos através da competição organizada de maneira a satisfazerem as necessidades mais primitivas de luta pela sobrevivência. Sempre assim foi e, muito provavelmente, sempre assim será.
Por tudo isto, foi, certamente, entusiasmado com a descoberta do sítio de Olímpia, realizada em 1881 pelo alemão Ernst Curtius (1814-1896), que Pierre de Coubertin (1863-1937) percebeu a necessidade de regressar ao passado competitivo grego estabelecendo um corte com as actividades físicas que, ao tempo, eram realizadas por motivos recreativos, de saúde, de preparação militar ou de apuramento da raça.
No presente ensaio pretendemos determinar as condições em que, entre o final do século XIX e o princípio do século XX, Coubertin estabeleceu um corte com os modelos gímnicos que, na altura, eram preponderantes, desencadeando um novo modelo, o desportivo, que viria a ter um enorme sucesso e prestígio à escala do Planeta.