Esta obra envolve-nos cientificamente na recuperação da consciência da pessoa em coma, e faz a abordagem de alguns conceitos fundamentais à compreensão e reflexão da temática de uma forma abrangente, rigorosa, criativa que pode desencadear interesse à leitura transdiciplinar, de todos os que se apaixonaram pelo misterioso mundo do coma.
Organiza-se de forma apelativa e constantemente releva para análise com estudos de investigação, que entrelaçados com diferentes matérias nos ajudam a ouvir os ecos no silêncio, e a ver gestos de incerteza, em pessoas que em espiral ou não, reconstroem a sua autobiografia.
Uma vez que as pessoas em recuperação do coma deixam com frequência dúvidas quanto ao seu nível de consciência, e ainda que, essa dúvida se estenda ao plano de uma intervenção na sua regulação sensorial, cabe aos profissionais de saúde conhecer, não só estruturas cerebrais que contribuem para esse feito, mas também numa linha de prática eficaz utilizar de forma regular e regulada diferentes estímulos visuais, auditivos, tácteis, olfactivos e de paladar até que o “alerta” aconteça.
Esta prática tem por base o potencial de reorganização cerebral e a possibilidade de compensação de perdas da função cerebral baseada na plasticidade cerebral. E, este é apresentado de modo pluridimensional, num índice extremamente apelativo e cuidado, onde se viaja entre as estruturas anatómicas, algumas escalas de medida relacionadas com a consciência, até às expressões faciais que na sua abordagem vai para lá da anatomia da musculatura e dos pares cranianos, valorizando o carácter emocional da pessoa em coma.
E porque, nem sempre o desfecho é a recuperação, não ficaram esquecidas questões que com concerteza assolam familiares que nos seus piores momentos de quase sem esperança, pretendem conhecer outros aspectos clínicos e legais da morte cerebral.
Esta “pequena” obra cientifica já fazia falta, aos que motivados pela prática profissional, vivência pessoal, ou familiar de uma experiência rara e extrema na existência humana como é o coma, se decidiram a acreditar no indeterminado potencial do cérebro. E que, decidiram ainda, numa visão holística e numa base de relação de bens disponíveis e/ou recuperáveis (inventário de estímulos) contribuir para a reconstituição da história da vida narrada pelo próprio projectando-a num futuro.
Ana Catarina Monteiro, Cristiana Oliveira, Cristy Pereira, Joana Almeida, Joana Santos, Pedro Damas, Sara David e Tiago Cardoso