O Príncipe é, certamente, a obra mais lida de Maquiavel e numa das mais discutidas obras de todos os tempos. Dedicada a Lourenço de Médicis, sobre ela se têm debruçado nos políticos de todas as feições ideológicas. Com Maquiavel rompe-se o equilíbrio secular, criado pelo Cristianismo, entre o real e o ideal, entre o Homem e Deus.Cria-se uma moral política baseada no realismo que é necessário conhecer para se compreender o fenómeno poder. Napoleão foi um seu leitor atento e os comentários que nesta obra lhe mereceu (e que figuram na presente edição)constituem um elemento precioso através do qual o leitor poderá simultaneamente fazer uma ideia de como o Corso encarava os negócios de Estado e de como interpretava o pensamento de Maquiavel.
Nicolau Maquiavel
Filósofo e político italiano do século XV (1469-1527). É o fundador do pensamento político moderno. Nasce em Florença e trabalha como funcionário público da república florentina a partir de 1498. Como chanceler e secretário das Relações Exteriores, redige documentos oficiais e viaja em missões ao exterior. Em 1502, passa cinco meses como embaixador junto a Cesare Borgia, capitão geral da Igreja Católica em Roma e filho do Papa Alexandre VI. Estadista inescrupuloso, Cesare domina o governo papal e usa todos os meios para conquistar novas terras e estender o domínio dos Borgia na Itália. Com o fim da república (1512), Maquiavel perde os cargos e é exilado.
Escreve, então, a sua obra-prima O Príncipe (1513-1516), um manual sobre a arte de governar. Inspira-se no estilo político de Cesare Borgia e revela preocupação com o momento histórico da Itália, fragilizada pela falta de unidade nacional, alvo de invasões e intrigas diplomáticas.