O livro agora lançado pela UNl não será assim uma obra bolorenta, afastada do Mundo e das suas necessidades. Será, pelo contrário, a obra de dois técnicos que sabem ser universitários, sem por isso serem menos técnicos. Isso deu-lhes a visão universalista (de Universifas, unidade na diversidade!, que torna estas lições de Hidrologia, não um manual de ensino da licenciatura em Engenharia do Ambiente, mas sim uma obra de ãmbito mais vasto que muitos outros poderão - com proveito - utilizar, para os ajudar a resolver os seus (nossos) problemas.
Neste contexto se explica e integra o esforço feito em 1981 para
assegurar que a disciplina de Hidralogia da LEA fosse regido pelo Engenheiro Armando Lencastre, que desde o início teve como colaborador directo o Engenheiro F. Meio Franco. A intenção era claramente a de dispor de docentes capacitados no domínio da Hidrologia, e também com profunda experiência no sector do Saneamento Básico, completando assim a visão atrás exposta que interliga dois dos aspectos da problemática da Água.
Mas a perspectiva dos recursos tem de ser enquadrada com a da utilização que deles se faz. E aí, ao recordarmos as carências que no domínio do Saneamento Básico afligem o povo português, novas preocupações se evidenciam. Há que dar água de beber de qualidade
adequada a todas as populações, para que não sejam apenas 40 % os privilegiados que em 1980 dispunham de ligações domiciliárias a sistemas de abastecimento (de qualidade aliás eventualmente discutível). Há que tratar os efluentes poluídos das comunidades e das indústrias para que a degradação dos recursos existentes não atinja limites incontroláveis. Na Década da Água, onde nos situamos actualmente, há pois que garantir a quantidade e a qualidade desse recurso renovável em parte, mas cada vez mais escasso. Daí depende em grande parte o equilíbrio deste ecossistema - Terra onde vivemos, e que além de único
é perescível.
Na formação dos Engenheiros de Ambiente da UNL, procurou-se, desde o início, dar o relevo adequado às questões relacionadas com a Água e com a sua gestão. Os condicionalismos edáficos e climáticos do País conferem à água, enquanto factor de produção, uma importância indiscutível. Se a isso aliarmos a cobertura das necessidades domésticas e industriais, e compararmos essas necessidades crescentes com as disponibilidades hídricas conhecidas, desde logo a indispensabilidade da sua correcta utilização se toma evidente.
Da justeza desse propósito dir-vos-á o texto que se segue. Tudo levava aliás a que assim fosse, desde a capacidade didáctica e pedagógica de Armando lencastre, já sobejamente comprovada no seu Manual de Hidráulica, até à capacidade técnica e científica da sua equipa profissional. E, finalmente, um outro aspecto, julgo eu, deverá ser realçado: a colaboração possível e mutuamente enriquecedora entre Universidade e o Mundo da Técnica e das realizações concretas. A «torre de marfim» da Universidade do passado tem de dar lugar à «Com universidade» aberta e adulta, onde todos assumam as suas responsabilidades e colaborem na obra de todos.
Capitulo I - CICLO HIDROlOGICO
Capítulo II - BACIA HIDROGRÁFICA
Capitulo III - PRECIPITAÇÃO
Capítulo IV INTERCEPÇÃO
Capítulo V - EVAPORAÇÃO
Capítulo VI - EV APOTRANSPIRAÇÃO
Capítulo VII - NOÇÓES ELEMENTARES DE HIDRÁULICA
Capítulo VIII - A ÁGUA NO SOLO E NAS ROCHAS
Capítulo IX - INFilTRAÇÃO, PERCOLAÇÃO E DRENAGEM
Capítulo X - ESCOAMENTO SUBTERRÂNEO
Capítulo XI - ESCOAMENTO DE SUPERFIClE
Capítulo XII - BALANÇO HIDROLOGICO
Capítulo XIII - EROSÃO DO SOLO
Capítulo XIV - TRANSPORTE SOLlDO
Anexo - CONCEITOS BÁSICOS DE PROBABILIDADE E ESTATlSTICA UTILIZADOS EM HIDROlOGIA