Cada vez mais importa ter uma cultura científica – que inclua naturalmente uma cultura histórica – pois só assim se contribui de modo decisivo para um desenvolvimento onde os valores estejam presentes. A pertinência desta forma de enquadramento, importante para melhor conhecimento do presente acentua problemáticas associadas a fins cognitivos e pragmáticos, interesses económicos e políticos, circunstâncias institucionais e grupais, com implicações no universo axiológico e ético. Pede ainda que se integrem as diferentes expressões da produção (fundamental e aplicada) no interior de estratégias, montadas em prol das exigências de diálogo entre a comunidade científica e o público em geral, ou seja, que possibilitem um maior número de opções conscientes. Por sua natureza, a ciência química requer espacialidades de tipo laboratorial. Quando define o contexto de situações gerais ou as características de espaços específicos (Laboratórios de Lavoisier, Boyle, Davy, Liebig, Wurtz, Royal Institution), a bibliografia existente revela a complexidade de certos percursos históricos e o interesse de os aprofundar como a Química se foi fazendo e daí auferir ensinamentos para o presente e perspectivas para o futuro. Nesta base, a European Science Foundation decidiu dinamizar o programa The Evolution of Chemistry in Europe (1789-1939) e criou a secção Chemistry Laboratories, Instruments and New Technologies coordenada pelos professores Ana Luísa Janeira (Universidade de Lisboa) e Javier Ordoñez (Universidade Autónoma de Madrid) onde se integra o projecto de investigação Space Organization and Production of Scientific Discourse: Chemistry Laboratories in Portugal (1789-1939) iniciado em 1993 pelo Grupo Ciências, Técnicas e Saberes (CTS), o qual faz parte actualmente da área de História das Ciências e das Técnicas do Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Lisboa (CICTSUL). A síntese de textos reunidos nesta publicação foi apresentada no Workshop on Laboratories, Instruments, New Technologies and Education que o CICTSUL, em colaboração com a European Science Foundation organizou em Lisboa em 1996.
Maria Estela Guedes
Membro da Associação Portuguesa de Escritores e investigadora do Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Lisboa (CICTSUL). Dirige o TriploV http://triplov.org, sítio onde pode ser consultada a maior parte do seu trabalho. Entre outros títulos, publicou "Herberto Helder, Poeta Obscuro" (1979), o seu primeiro livro, e "Lápis de Carvão" (2005), o mais recente. Em 1987, data da fotografia, estreava-se no ACARTE o seu multimédia "O Lagarto do Âmbar", e saía a segunda caixa de arte Pipxou, organizada pelo Grupo VVV. As obras contidas na caixa, da autoria de vários artistas, estiveram em exposição no Museu das Janelas Verdes. Faziam parte da retrospectiva "Ernesto de Sousa — Itinerários". O Grupo VVV, lembrança da revista "VVV" fundada em Nova Iorque por André Breton e outros surrealistas, era constituído por Ernesto de Sousa, Fernando Camecelha e Estela Guedes.
Raquel Gonçalves
Ana Luísa Janeira