A insuficiência renal é um quadro clínico complexo que se desenvolve quando os rins são incapazes de remover substâncias tóxicas e manter um estado de volémia adequado.
Em Cuidados Intensivos, a insuficiência renal é um factor independente de mau prognóstico e raramente se apresenta como uma entidade autónoma. Em regra, é parte de um quadro clínico sistémico, colocando em causa o funcionamento de diversos sistemas de órgãos, nos quais os rins são igualmente envolvidos. A etiologia da insuficiência renal em Cuidados Intensivos é, por definição, multifactorial, envolvendo mecanismos hemodinâmicos (hipotensão, distúrbios da microcirculação e distúrbios da hemodinâmica intra-renal), imunológicos, infecciosos, apoptose celular e iatrogénicos (fármacos, em particular antibióticos).
A condição clínica que mais frequentemente conduz a disfunção multiorgânica e renal com necessidade de terapêutica dialítica, é a sépsis.
O número de doentes afectados varia muito entre Unidades de Cuidados Intensivos (UCI), dependendo em especial das características, gravidade dos doentes admitidos, mas também do sistema de classificação que se utilizar.
A literatura disponível sobre esta área específica (em especial em português) é escassa. Por outro lado, sentimos a falta de um texto de orientação pratica na insuficiência renal aguda em Cuidados Intensivos, que consiga delinear e explicar os processos de tomada de decisão.
Propomos um texto que conduza o leitor no tratamento da insuficiência renal aguda em Cuidados Intensivos, fornecendo informação prática e crítica que permita agilizar processos e facilitar mecanismos de decisão.
Os temas abordados referem-se à prática dialítica em geral, pretendendo atingir os diversos profissionais de saúde envolvidos, desde enfermeiros a médicos, em especial em formação.
Paulo Marcelino, Susan Marum, Nuno Caramelo, Cristina Alves, Carlos Dias e Inês Alves