Existem boas razões para lançar, nesta altura, uma coletânea de textos de reflexão com o título Europa 2030, o futuro do projeto político europeu. Desde logo, por que vivemos uma década extraordinária de Grandes Transformações com impactos sistémicos sobre as sociedades como é o caso das transições climática, energética, digital, migratória e geopolítica que só a União Europeia pode cobrir com segurança. Depois, porque temos à nossa frente um ano de celebrações: os cinquenta anos do 25 de abril de 1974, no dia 9 de maio o Dia da Europa e, em terceiro lugar, as eleições europeias para o Parlamento Europeu no dia 9 de junho de 2024. Por último, vivemos uma tensão geopolítica absolutamente inusitada com duas guerras na fronteira europeia, Ucrânia e Palestina, umas eleições presidenciais norte americanas em novembro de enorme importância para o futuro da Europa, uma crise profunda no multilateralismo institucional sem fim à vista e um novo alargamento a países do leste europeu que, no seu conjunto, justificam e reclamam uma mudança profunda na política externa e de segurança comum onde a defesa europeia assume um papel de grande relevo. E como sempre aconteceu na história política europeia, as principais mutações na arquitetura político-institucional da União têm origem em acontecimentos exteriores.
ANTÓNIO COVAS. Doutor em Assuntos Europeus pela Universidade de Bruxelas, (1987) e professor catedrático da Universidade do Algarve desde 2000 (atualmente aposentado). Entre 1990 e 1995 pró-reitor e vice-reitor da Universidade de Évora e, entre 1995 e 1999, assessor ministerial. Tem 37 livros publicados na área dos estudos europeus e na área dos estudos rurais e territoriais, para além de inúmeros artigos em revistas e imprensa nacional. Foi Conselheiro Nacional de Educação, vogal do Programa Operacional do Algarve entre 2008-2014 e membro de vários centros de investigação. Atualmente é, ainda, membro do Conselho Deontológico da Ordem dos Economistas. Hoje, a sua investigação incide sobre três áreas interdependentes: os assuntos europeus e a governação multiníveis, a transição para a segunda ruralidade e a coesão territorial, a transição digital, a inteligência coletiva e a arte da smartificação dos territórios.