Só não erra quem não vive. Contudo, geralmente, os erros não são cómodos nem bem aceites. Mesmo assim, alguém que passe pela vida profissional sem errar é, mais provavelmente, a exceção do que a regra. Não devendo haver complacência, está na admissão, e não na ocultação, a possibilidade de aprender e desenvolver uma prática profissional segura.
Os erros nos cuidados de saúde, nos quais se incluem os de enfermagem, são responsáveis por mais mortes nos Estados Unidos da América (EUA) do que qualquer outra causa, independentemente do contexto.
No que se refere aos estudantes de enfermagem, os seus erros, ainda que, comprovadamente não sejam superiores aos dos profissionais, são temidos por todos os intervenientes no processo de formação: enfermeiros dos serviços, docentes e estudantes.
Numa tentativa de compreensão do fenómeno, a autora, na sua tese de doutoramento, rompe o receio existente para encontrar respostas a duas inquisições centrais: que erros cometem os estudantes de enfermagem em ensino clínico? Os erros cometidos têm um papel construtivo na sua aprendizagem e desenvolvimento? A investigação seguiu uma abordagem integradora, baseada numa metodologia mista, de tipo convergente.
Os resultados trazem novo conhecimento sobre o tema, alguns podendo mesmo ser surpreendentes. Os erros de medicação foram mais frequentes no 4º ano do que no 2º ano. Verificaram-se relações entre os erros cometidos e fatores sociodemográficos, escolares, disposicionais e de desenvolvimento. De modo geral, os erros cometidos contribuíram para a aprendizagem dos estudantes. A desocultação do fenómeno aprofunda-se e lança desafios às várias áreas do saber em enfermagem.
Ana Paula Espada