A escrita deste livro teve por base um estudo de investigação realizado no âmbito do doutoramento em Enfermagem, pela Universidade de Lisboa.
Escrever um livro não é tarefa fácil. Sobretudo quando se entrecuzam tantas e tão díspares variáveis a que é necessário dar letra de um modo simultaneamente claro, pertinente e coerente, respondendo ainda ao compromisso assumido com os protagonistas do trabalho que está na génese: os enfermeiros que, diariamente e em diferentes contextos, assumem corajosa mas silenciosamente o protagonismo de práticas inovadoras e de elevado interesse terapêutico.
Também pelos doentes que generosamente se mostraram numa condição de doença oncológica, indutora de enorme sofrimento, vale a pena trazer a público o manancial de instrumentos terapêuticos que, se mostrados e claramente assumidos, poderão beneficiar muitos outros em idênticas situações.
O tema deste livro, sabemo-lo, é um tema heterodoxo no meio cientifico dos serviços de saúde. Talvez por isso ele disperte tanta curiosidade e interesse porque, a par da estranhesa que inicialmente provoca, a verdade é que nos apercebemos que, em surdina, cada vez são mais os profissionais de saúde — e não apenas os enfermeiros — que manifestam interesse por esta área do conhecimento.
Porque se trata de uma primeira incursão científica ao tema, em Enfermagem, no nosso País, decidimos manter um formato muito próximo do estudo que lhe deu origem. Retirámos do texto os detalhes metodológicos, não necessários à compreensão do conteúdo do mesmo. Contudo, mantivémos o roteiro da colheita de dados com a profundidade que nos parece necessária à compreensão do conhecimento, dado que na investigação qualitativa, o processo de construção do conhecimento e os resultados — o conhecimento construído — evoluem a par e passo, cada um suscitando e suportanto o outro.
Maria Irene Santos