A ciência e o direito podem ser entendidos como diferentes sistemas de autoridade, com distintas culturas e práticas. Desde a última década do século XX até aos dias de hoje, temos vindo a testemunhar o desenvolvimento e a expansão dos usos da ciência e da tecnologia no sistema de justiça criminal, assistindo-se a uma acelerada propensão para a coprodução da ciência e do direito, levando ao encontro de diferentes atores, saberes e práticas.
Da cena de crime ao tribunal: Trajetórias e culturas forenses resulta de uma Summer School promovida por uma parceria entre o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e a Escola de Polícia Judiciária (atualmente, Instituto de Polícia Judiciária e Ciências Criminais).
Este livro coletivo, que parte de um conjunto heterogéneo de saberes, práticas e olhares, proporciona uma discussão sobre as formas de conhecer e as diferentes experiências vividas em função da posição ocupada por cada um dos atores que compõem a cadeia de custódia da prova. Apresentando a sua trajetória desde o local de crime até à sua conversão em elemento de prova e decisão judicial, os vestígios de crime são analisados através das perspetivas de polícias de investigação criminal e de proximidade, peritos forenses, juristas e sociólogos.
Trata-se de uma excelente ferramenta teórica e prática, pensada como um instrumento de trabalho destinado ao meio académico, estudantes e docentes, mas também aos profissionais ligados à justiça, ao crime e à investigação criminal, assim como ao sistema integrado de emergência médica.
Principais temas abordados:
· Polícia de proximidade na cena de crime
· Contributo da tecnologia
· (In)visibilidades e "zonas cinzentas" na cena de crime
· O Laboratório de Polícia Científica e a investigação criminal
· Agressões sexuais
· Base de Dados de Perfis de ADN
· Partilha transnacional de informação
· O contributo do ADN na investigação criminal
· Análise de casos mediáticos da justiça portuguesa
· O olhar de diferentes culturas epistémicas
· A tecnologia de ADN no sistema de justiça criminal português
Coordenação
Susana Costa
Investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Cocoordenadora do Núcleo de Estudos de Ciência, Economia e Sociedade. Docente no Mestrado de Criminologia do Instituto Universitário da Maia. Os seus interesses de investigação têm-se focado nas relações entre a ciência e o direito e o uso do ADN na investigação criminal e no auxílio à justiça, no âmbito dos estudos sociais da ciência, sociologia da ciência, sociologia do direito.
Filipe Santos
Investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Cocoordenador do Núcleo de Estudos de Ciência, Economia e Sociedade. Autor e coautor de várias publicações nacionais e internacionais sobre tópicos que focam as interseções entre a justiça criminal e a ciência forense, com destaque para os usos das tecnologias de ADN em casos criminais, privilegiando abordagens teóricas dos estudos da ciência, tecnologia e sociedade.
Carlos Ademar
Professor do Instituto de Polícia Judiciária e Ciências Criminais, Professor Auxiliar Convidado da Academia Militar e da Universidade Lusófona. Foi investigador criminal no setor dos homicídios e fundador da revista Investigação Criminal, bem como membro da sua direção editorial. Além de artigos que versam a temática profissional, tem obra publicada nos campos da História e da ficção.