O crescimento urbano, marcado nos últimos anos por um ritmo particularmente acelerado da urbanização de áreas inicialmente rurais, associado à necessidade de criação de vias de comunicação que se adaptassem a esse ritmo e que contribuíssem para um desenvolvimento mais equilibrado das diferentes regiões do País, provocou no subsistema vulgarmente designado pela fase terrestre do ciclo hidrológico natural e nas condições de escoamento das linhas de água.
Destas alterações, salientam-se, pela sua importância, as resultantes de: intervenções desordenadas nas bacias hidrográficas;" crescente impermeabilização dos solos (afecta à construção de edifícios, arruamentos, vias de comunicação, parques de estacionamento, etc.); execução de escavações e aterros para implantação de vias de comunicação; introdução de estrangulamentos nos leitos dos rios para construção de obras de arte. Em consequência destas alterações verificam-se modificações na natureza dos hidrogramas de cheia e nas condições de drenagem natural.
A análise das causas mais frequentes de deteriorações e rupturas em vias de comunicação e, em particular, das suas obras de arte, revela que as de natureza hidráulica se apresentam como das mais gravosas.
De entre estas causas salientam-se as associadas a: deficiente avaliação dos caudais de projecto; inadequada capacidade de vazão das estruturas de drenagem e das obras de arte; deficiente posicionamento destas estruturas tendo em conta as características do escoamento; erosões localizadas junto às fundações destas estruturas e obras; erosões generalizadas do leito dos rios; erosões nos taludes de escavação e de aterro.
A tomada de consciência desta situação veio operar, designadamente nas ultimas décadas, unia profunda alteração dos conceitos de análise e dimensionamento dos sistemas de drenagem de águas superficiais em meios urbanos e em vias de comunicação.
O presente curso tem por objectivo a apresentação dos métodos considerados mais actualizados com vista à definição dos hidrogramas de projecto e dos critérios de dimensionamento hidráulico das estruturas de drenagem de águas superticiais e das obras de arte de atravessamento de rios, tendo em conta os aspectos relacionados com o fenómeno das erosões localizadas e generalizada junto aos pilares e encontros e nos estrangulamentos e a definição das soluções consideradas mais adequadas.
Pretende-se igualmente que este curso constitua um forum de discussão dos diversos aspectos relacionados com o dimensionamento hidráulico, construçào e a manutenção de sistemas de drenagem de águas superficiais em vias de comunicação, e, em particular, de casos de estudo.
Apresentação
Parte I - Determinação de Hidrogramas de Cheia em Pequenas Bacias Hidrográficas
1. Introdução
2. Princípios Básicos
3. Elementos de Cálculo
4. Metodologias de Cálculo
5. Considerações Finais
Anexo A - Cálculo do Número de Escoamento, C/V
Parte II - Erosão em Taludes de Aterro e de Escavação
1. Introdução
2. Factores de Erosão
3. Estimativa de Taxas de Erosão
4. Obras de Controlo
Parte III - Controlo do Escoamento em Sistemas de Drenagem de Águas Pluviais
1. Introdução
2. Escoamento em Condutas
3. Escoamento em Canais
4. Transições
5. Estruturas de Dissipação de Energia
6. Protecção com Enrocamento
Parte IV - Drenagem Transversal e Longitudinal de Caminhos de Ferro. Caso de Estudo - "Modernização da Linha do Norte"
1. Introdução
2. Drenagem Transversal de Caminhos de Ferro
3. Drenagem Longitudinal de Caminhos de Ferro
Parte V - Dimensionamento de Pontes. Aspectos Hidaulicos
1. Introdução
2. Aspectos Hidraulicos a ter em Conta do Projecto
3. Caudais de Cheia
4. Curva de Vasão Natural. Cálculo do Nível Máximo de Cheia
5. Folgas
6. Erosões
7. Protecções Contra as Erosões
8. Sobreelevações da Superfície Livre. Curvas de Regolfo
9. Forças Indusidas pela Acção do Escoamento
10. Outras Acções
> CARLOS MATIAS RAMOS, Investigador - Coordenador do LNEC
Chefe do Núcleo de Hidráulica de Estruturas