Em 1985, Marc Chagall, o último patriarca da Côte d’Azur, a seguir a Matisse e a Picasso, apagava-se em Saint-Paul-de-Vence, aos 88 anos. A Escola de Paris pode orgulhar-se de ter permitido a muitos artistas estrangeiros desenvolverem dentro dela a sua arte: Chagall é um dos seus mais singulares pioneiros. Malraux, que lhe tinha encomendado o tecto da Ópera de Paris, dizia dele que estava «ébrio de imagens». Aquele mesmo que pintou o universo do shtetl judeu em Vitebsk, e também os seus próprios sonhos e os seus amores, o mundo do circo e a mensagem universal da Bíblia, permanece hoje como um extraordinário narrador, com uma poética universal e intemporal, fundada sobre a imagem canónica de Deus e dos homens. Daniel Marchesseau traça os percursos deste russo, duas vezes desenraizado e hoje subido ao firmamento, a esses céus que, durante a sua longa vida, soube pintar e iluminar.
Daniel Marchesseau