O Ciclo de Colóquios subordinado ao tema Arte(s) de Cuidar compreende a reflexão acerca de problemas que, no momento presente, se consideram dominantes nos "discursos sobre a doença mental", a saber: cultura e doença mental; o poder do outro; a dor e o sofrimento.
A relação estabelecida entre a cultura e a doença mental implica, desde logo, que os cuidados de saúde não podem deixar de considerar os doentes como pessoas. São elementos dinâmicos e não estáticos que suscitam e traduzem as interdependências verificadas entre o individual e o social. O seu carácter polimorfo revela-se, também, dado que a história pessoal se articula com a condição social e cultural que, na verdade, guia as percepções sensoriais e orienta o pensamento. Nestes termos, estamos a tratar de pessoas que se exprimem através de determinadas "maneiras de sentir, de pensar e de agir", dimensões que se articulam umas com as outras e se integram, de forma variável, em contextos culturais precisos. Assim se dá fundamento a condutas humanas que se afirmam como "fenómenos sociais totais", de modo algum compatíveis com avaliações parciais das patologias em causa. Por outro lado, se anula qualquer possibilidade de separação entre as personalidades e o mundo envolvente, à revelia do processo de interacção recíproca que dá sentido à vida.
A preocupação fundamental é a exposição e discussão de problemas que se formulam a partir do mundo da vida quotidiana dos doentes, no entrecruzamento de acções e palavras, de pensamentos e sentimentos. E, em tudo isto, nada se deve perder, tendo em vista o objectivo principal que é o o conhecimento aprofundado das pessoas e o alcance do trabalho de intervenção dos profissionais de saúde.