"O presente texto, retirado, em boa parte, duma investigação de doutoramento apresentada na Faculdade de Filosofia da Universidade Complutense de Madrid em 2007, ensaia uma operação de transplante: toma o conceito de hospitalidade, geralmente associado ao terreno do ético, do político e do jurídico, e transfere-o para o campo do estético e, em particular, da criação artística. Guiado pelo estilo desconstrutivo de Jacques Derrida (1930-2004) faz anotações sobre a forma como reage a hospitalidade a este transplante. Não se trata dum exercício abstracto, pois é aplicado a um caso concreto: os desenhos de Álvaro Siza. Reflecte também sobre as questões prévias e de fundamentação: haverá alguma forma de legitimidade que suporte a deslocação dos marcos que delimitam os territórios do saber? Poderá o estético receber pacificamente e suportar a intromissão de um estranho no seu território?"
Nuno Higino (Felgueiras, 1960) é licenciado em Teologia e Filosofia e doutorado em Filosofia Estética pela Universidade Complutense de Madrid. É professor de Estética e História da Arte na Universidade Fernando Pessoa, responsável editorial da Letras e Coisas e programador na Casa das Artes de Felgueiras. Escreveu um ensaio sobre José Rodrigues, O terceiro anjo. Anjos em desconstrução, Campo das Letras, 2007.