O especialista procura relacionar-se com especialidades – objectos especiais – que ama e considera, sejam eles determinados vinhos ou determinadas pessoas, na sua qualidade e conjunto específico; e o alcoólatra depende do efeito funcional de uma substância ou de um ser animado. O apreciador é um amante do belo, verdadeiro e bom; o frequentador liga-se compulsivamente a algo que lhe preenche uma falha. O expert busca uma relação complementar e criativa; o dependente, uma relação de completação e apaziguadora. O primeiro move-se pelo desejo e pelo amor; no segundo, a força motriz é a ansiedade e/ou a depressão. Existe entre eles uma radical diferença; que é urgente não ignorar. Por conseguinte, só a maturação da relação de objecto do alcoólico conduz à cura. O resto são paliativos, supressão de sintomas, próteses, milagres de algibeira ou passes de cartola. O mérito de Ana Mónica Dias é demonstrar à exaustão que assim é. Este livro ficará, pois, como assinalado marco na orientação terapêutica do alcoolismo. Esta obra dirige-se a psicólogos, psiquiatras, clínicos gerais/médicos de família, técnicos de saúde mental, estudantes e a todos aqueles que se interessam pelo problema do alcoolismo.
Ana Mónica Dias