Este é um livro estranho, pois pretende ser um livro técnico (de engenharia) mas para ser lido e usado por profissionais de Direito (advogados, juízes, procuradores), mas também por agentes de autoridade (GNR e PSP), nomeadamente aqueles que elaboram relatórios sobre acidentes rodoviários e mesmo por colegas peritos da área de engenharia. Assim, é uma obra que estará sempre em escrutínio pelos diversos utilizadores, pois uns o julgarão técnico demais e outros o poderão considerar aquém do que deveria ser um livro técnico sobre estes assuntos.
Esta obra foi idealizada para ajudar os profissionais de Direito a perceber o comportamento dos automóveis em acidentes e noutras situações em que são chamados a intervir. Talvez não traga a solução mas, pelo menos, mostrará o que os profissionais de engenharia
conseguirão fazer para resolver os seus problemas. A ideia surgiu quando, inúmeras vezes, advogados e outros profissionais referiram frases do género “é possível calcular a velocidade com estes indícios?”; “então analisando esses elementos consegue determinar como surgiu o problema?”.
O livro está dividido em dois grandes capítulos, o primeiro sobre Acidentes e sua reconstituição e o segundo sobre outros problemas/adversidades que podem ocorrer em veículos. Na parte sobre Acidentes é desenvolvida a teoria e a maneira de calcular as várias variáveis (tais como velocidades) envolvidas em choques, atropelamentos e outros acidentes, incluindo vários exemplos retirados de casos reais avaliados pelo autor. Na parte sobre adversidades em veículos, mostram-se e explicam-se os vários elementos de segurança ativa e passiva dos veículos automóveis, e entra-se em algum pormenor na descrição dos vários componentes de modo a que o leitor possa compreender a razão de um mau funcionamento de um dado sistema. Nesta lógica são apresentados os sistemas
de travagem, de direção, o princípio básico de funcionamento de alguns sistemas dos motores (lubrificação, arrefecimento, etc.), assim como as lógicas de funcionamento dos sistemas de controlo eletrónico, tais como os anti-poluentes (como filtros de partículas), por vezes fulcro de vários problemas, incluindo incêndios.
Assim, esta segunda parte pode constituir também uma leitura interessante para o leigo que goste de perceber o funcionamento dos diversos sistemas sofisticados existentes nos nossos carros, com alguma profundidade. Por ironia do destino, foi na cama do hospital onde permaneceu vários meses a convalescer de um acidente de moto, que iniciou a escrita desta obra sobre acidentes.
PARTE A – RECONSTITUIÇÃO DE ACIDENTES
CAPÍTULO 1. Introdução
1.1. Cálculos envolvendo Tempos, Distâncias, Velocidades e Acelerações
1.2. Força e Coeficiente de Atrito
1.3. Energias
1.4. Quantidade de Movimento
CAPÍTULO 2. Coeficientes de Atrito
2.1. Atrito Estático e Dinâmico
2.2. Métodos e Aparelhagem de Medição do Atrito
2.3. Medição da Inclinação da Estrada
CAPÍTULO 3. Cálculos Relativos a Acidentes
3.1. Crash-Tests
3.2. Instituições que Realizam/Regulam os Crash-Tests
3.3. Deformabilidade/Rigidez dos Veículos
3.4. EES – Velocidade Equivalente à Energia de Deformação
3.5. RAMCAR – Modelo de Cálculo de Energia e Velocidade em Choques
3.6. Deformação da Barreira Deformável
3.7. Restituição
3.8. Análise às Imagens tiradas dos Vídeos
3.9. Alguns Exemplos de Cálculo
3.9.1. Automóvel chocou com uma casa
3.9.2. Despiste em autoestrada
3.9.3. Choque entre dois carros
3.9.4. Relação entre deformação e velocidade
3.10. PC-Crash
CAPÍTULO 4. Outros Cálculos
4.1. Tempos de Reação em Travagem
4.2. Velocidades Máximas em Curva
4.3. Atropelamentos
4.4. Velocidades de Peões a Atravessar Estradas
4.5. Choques de Carros contra Bicicletas
4.6. Análises a Motociclos
4.7. Alguns Exemplos de Cálculo
4.7.1. Atropelamentos
4.7.2. Acidente com moto
4.8. Distância de Visibilidade de Ultrapassagem
4.8.1. Cálculos simples
4.8.2. Normas
4.9. Perdas por Atrito e Coeficiente de Penetração Aerodinâmica
4.10. Aquaplaning
PARTE B – OUTRAS ADVERSIDADES COM VEÍCULOS
CAPÍTULO 5. Incêndios em Automóveis
5.1. Origem dos Incêndios
5.1.1. Curto-circuitos
5.1.2. Filtro de partículas
5.1.3. Regeneração dos filtros de partículas
5.1.4. Carros elétricos
5.2. Catalisador
5.3. Materiais Ignífugos
CAPÍTULO 6. Segurança de Veículos
6.1. Segurança passiva
6.1.1. Deformação da carroçaria e célula de sobrevivência
6.1.2. Cintos de segurança
6.1.3. Airbags
6.1.4. Apoios de cabeça
6.1.5. Vidros
6.1.6. Outros sistemas de segurança passiva
6.1.7. Barreiras Protetoras da Estrada (rails)
6.2. Segurança Ativa
6.2.1. Pneus
6.2.1.1. Pneus antifuros4
6.2.1.2. Altura do piso do pneu
6.2.1.3. Space saver
6.2.2. Travões
6.2.2.1. Óleo de travões
6.2.2.2. ABS
6.2.2.3. Travagem de emergência
6.2.2.4. Travagem automática
6.2.3. Outros elementos de segurança ativa
6.2.3.1. Sensores de pressão nos pneus
6.2.3.2. Controlo de estabilidade
6.2.3.3. Controlo de tração
6.2.3.4. Cruise control
6.2.3.5. Controlo de velocidade adaptativo
6.2.3.6. Sensores
6.2.3.7. Auxiliares de visão
6.2.3.8. Caixas de velocidade automáticas
6.2.3.9. Coluna de direção colapsável
6.2.3.10. Piscas laterais
6.2.3.11. Terceira luz de travão
6.2.3.12. Aviso de cintos de segurança desapertados
6.2.3.13. Avaliador de atenção do condutor
6.2.3.14. Detetor (e atuador) de mantimento de faixa
6.2.3.15. Luzes de presença diurnas
6.3. Compensação do Risco
CAPÍTULO 7. Outros Sistemas usados nos Veículos
7.1. Iluminação
7.2. Caicas de Velocidade Automáticas
7.3. Diferencial
7.4. Suspensão
7.5. Direção
7.5.1. Direção variável
7.5.2. Direção às 4 rodas (4WS)
7.5.3. O curvar
7.6. A Eletrónica, os Veículos Autónomos e seus Problemas
7.7. Motores de Combustão Interna
7.7.1. Descrição e funcionamento
7.7.1.1. Lubrificação
7.7.1.2. Arrefecimento
7.7.2. Alguns problemas com motores
7.7.2.1. Gripagem
7.7.2.2. Correia/corrente de distribuição
7.7.2.3. Combustível trocado
7.7.2.4. Hydrolock
7.7.2.5. Tipos de motores
7.7.3. Motores a gasolina
7.7.3.1. Catalisador
7.7.3.2. OBD
7.7.4. Motores Diesel
7.7.4.1. Common-rail
7.7.4.2. Filtro de partículas
7.7.4.4. Problemas com injetores
7.7.4.4. Problemas com o turbo-compressor
7.8. Emissões de Poluentes
7.8.1. Ciclos de condução
7.8.2. O WLTP
7.8.3. Os problemas com a emissão dos NOx
7.8.4. Testes de estrada RDE
7.8.5. Testes de consumo com híbridos
Lista de Referências
Glossário de Siglas
Glossário de Termos
Índice Remissivo
Jorge Martins é engenheiro mecânico e obteve o seu doutoramento em Inglaterra na área dos motores de combustão interna. É
professor associado do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade do Minho.
Há quase duas décadas iniciou-se na elaboração de perícias técnicas de engenharia automóvel, inicialmente relacionadas com
acidentes e mais tarde também intervindo noutras áreas de conflitos técnicos envolvendo veículos motorizados, trabalhos que vulgarmente são pedidos à sua universidade. Durante este período esteve envolvido em cerca de 250 processos judiciais em mais de 50 tribunais.
Esta é uma das suas áreas de investigação e desenvolvimento (além da de motores), tendo supervisionado várias teses de mestrado, desenvolvido equipamento e modelos numéricos e dado vários cursos sobre acidentes e sobre sistemas de segurança. Tem sido avaliador de projetos europeus para a Comissão Europeia na área dos transportes, da energia e dos motores de combustão interna. Tem publicados mais de uma centena de artigos científicos em revistas e congressos internacionais, é autor de quatro
patentes e de dois outros livros “Carros Elétricos” e “Motores de Combustão Interna”.