A Psicologia Clínica é aqui questionada sobre as formas como procede para aceder ao conhecimento, através de modelos e métodos que usa. Foi acumulando um conjunto de saberes e de saber fazer mas nunca realizando sobre eles um trabalho de ajustamento, de coerência e de integração. Dividida entre paradigmas contraditórios e inconciliáveis, entre, por um lado, a " medida ", o positivo e significativo do sinal e, por outro lado, a subjectividade e a interpretação, tem também de integrar os novos modelos que consagram a intersubjectividade. Redefinida nesta via, a Psicologia Clínica aparece estabelecida através de uma especificidade não centrada no método mas na concepção de sujeito psicológico concebido em termos de relação, transformação e crescimento. O Rorschach, poderoso instrumento usado em clínica, é estabelecido através das vias que lhe possibilitem o acesso a um sujeito psicológico dotado de capacidades não só de expressão mas sobretudo de relação, criação e simbolização. É através das mesmas vias consideradas para o Rorschach que se procede à explicitação da adolescência.
Maria Emilia Marques