Sob um título inquietante e um texto problematizador do "status quo" da Educação Física, este ensaio do Professor Francisco Sobral é um "oxigénio" absolutamente essencial para o esforço de todos os que construímos e somos a Educação Física.
Num tempo de esmorecimento, de uma quase exaustão da Educação Física, o autor desafia-nos para a consciência das circunstâncias da corrida em que nos movimentamos. Com uma crítica exemplar à literacia acrítica que grassa, lança a necessidade do resgate da axiologia para a discussão dos assuntos da EF.
O autor seduz-nos num recorrente, polémico e confrontador regresso à substância, no contacto entre os "originais" e os "atuais", o que nos conforta por permitir a (re)ocupação de um espaço de reflexão mais vigilante e crítico e, por isso mais justo, para que a ignorância não cegue a clarividência do testemunho histórico (da historicidade) da Educação Física, num contraponto ao oportunismo do "aqui e agora", do hedonismo, do individualismo e de uma certa "pós-modernidade". Recusando a emergência de uma "cultura inculta" e apelando à criação de um "contexto mental" saudável.
O autor assume uma visão verdadeiramente ecológica da Educação Física, assumindo a indissociabilidade entre o facto e o seu enquadramento político, social, escolar e familiar.
O "Ser ativo" com que desenha o alvo da Educação Física obriga-nos à análise de uma visão integrada das finalidades da saúde e do desporto, onde tem um realce próprio a formação nos valores e para os valores, onde ecoam os propósitos identitários desta disciplina.
No fundo, acho que o autor acaba por escrever que a Educação Física existe se existirmos, porque "a existência é o maior (nosso maior) símbolo". Professor Doutor Marcos Onofre