Por demasiado tempo o discurso crítico tem sido considerado quasi como uma reprodução, mas em tom menor, do discurso estético-filosófico. E tem sido bem complexadamente que críticos e práticos de arquitectura se aventuram nesse território desconhecido, inçado de exigentes praxes metodológicas, de complexas e subtis hermenêuticas. Por mim defendo que o discurso crítico tem a sua validade própria, que não é obrigatoriamente subsidiária, resultante da sua directa e hipotética validade filosófica. Por deliberada escolha e tentativa de coerência, procuro apenas e muito será, uma abordagem arquitectónica da arquitectura, em que o discurso permaneça tendencialmente arquitectónico, isto é, procuro que a teoria-crítica seja imediatamente aderente ao fazer arquitectura. Claro, que a abordagem de temas arquitectónicos neste trabalho terá contactos com outros domínios do saber e outras disciplinas, e que nem outra coisa era pensável. Mas espero fazê-lo sempre de maneira lateral e subsidiária e procurando garantir-me, a mim próprio, o nunca me servir de pretensos conhecimentos, para camuflar com argumentos de autoridade, fragilidades de quanto disser em sede arquitectónica.
Pedro Vieira de Almeida